Zelador que pediu demissão após sofrer racismo trabalhava há poucos meses na escola e já tinha sido promovido duas vezes

Zelador de colégio pede demissão após receber bilhete racista: 'Nojo da sua raça' O zelador Almiro Martins, de 21 anos, que pediu demissão após sofrer rac...

Zelador de colégio pede demissão após receber bilhete racista: 'Nojo da sua raça' O zelador Almiro Martins, de 21 anos, que pediu demissão após sofrer racismo, trabalhava há poucos meses em uma escola e foi promovido duas vezes em menos de cinco meses por causa da dedicação ao trabalho. Natural de Luanda, na Angola, Almiro recebeu um bilhete com frases racistas na escola de Anápolis, na região central do estado. Até o momento, o autor dos insultos não foi identificado, por isso o g1 não conseguiu localizar a defesa e pedir um posicionamento sobre o caso. A escola se manifestou sobre o caso (veja no final da matéria). ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp Segundo Ruth Rocha, esposa de Almiro, em apenas cinco meses na escola, ele foi promovido duas vezes de cargo. Paulino Henjengo, irmão de Almiro, relatou que o jovem já contava situações estranhas no ambiente de trabalho e acreditava que o incômodo de colegas poderia estar ligado à boa relação que ele desenvolveu com o proprietário da escola. “Isso impactou diretamente a autoestima dele. Vou repetir uma frase que ele mesmo disse: ‘No meu país eu não precisava me preocupar com a minha cor, agora eu preciso’”, contou Ruth. Segundo Ruth Rocha, o bilhete não apenas interrompeu a rotina do casal, mas mexeu de forma direta com a autoestima do marido. A mensagem dizia: “Não sei você, mas eu tenho nojo da sua raça. Preto brasileiro é diferente. Vai embora, africano de merda.” LEIA TAMBÉM: Zelador de colégio pede demissão após receber bilhete racista: 'Nojo da sua raça' Casos de racismo mais do que triplicaram em Goiás e estado tem o maior crescimento do país, diz Anuário de Segurança Enfermeira denuncia que sofreu racismo de diarista após reclamar de faxina: 'Chata porque é de cor' Ruth explicou que estava na instituição no momento em que Almiro encontrou o bilhete. Ela relatou que o marido telefonava para um irmão que mora em Portugal quando percebeu a mensagem. “Eu chorei junto com ele. Foi um dos dias mais difíceis. Pouco depois eu precisava entrar em sala para dar aula, mas a situação deixou a gente sem chão”, disse. Almiro Martins, zelador angolano de 21 anos, e a noiva Ruth Rocha. Ele deixou o emprego após receber o bilhete racista; casal denuncia impacto emocional e pede justiça Reprodução/Instagram de Almiro Martins Entenda o caso Almiro Martins, de 21 anos, natural de Luanda, capital de Angola, na África, trabalhava há cinco meses como zelador de uma escola particular de Anápolis, na região central do estado. No dia 25 de novembro, ele recebeu um bilhete com insultos e ofensas racistas por causa da cor da pele e de seu país de origem. Depois do episódio lamentável de racismo e xenofobia, ele pediu demissão da escola. A mensagem dizia: “Não sei você, mas eu tenho nojo da sua raça. Preto brasileiro é diferente. Vai embora, africano de merda.” Bilhete racista deixado no vestiário onde Almiro trabalhava dizia frases como “tenho nojo da sua raça” e “vai embora, africano de merda”. Caso foi denunciado à polícia Reprodução/Arquivo pessoal de Ruth Rocha Posicionamento da escola O sócio-proprietário do colégio, Ivan de Abreu Júnior, publicou um vídeo afirmando que o crime ocorreu em um “ponto cego” da instituição e classificou o episódio como “covarde”. Ele disse que mantém relação de amizade com Almiro, que já esteve em sua casa e participou de momentos de confraternização com sua família. “Minha maior preocupação é com o ser humano Almiro. Sempre tratei ele como amigo. Vamos descobrir quem fez essa covardia”, declarou o proprietário. ‘Todo ser humano é digno de respeito’ 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás